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São Jorge | Ilha das Fajãs

São Jorge | Ilha das Fajãs

São Jorge - A Ilha das Fajãs 

As largas dezenas de Fajãs são a imagem de marca da ilha de São Jorge. Estas línguas de terra, superfícies planas que se prolongam pelo mar e provenientes de abatimentos de falésias, estendem-se pelos dois lados da ilha. O acesso a elas faz-se por via terrestre ou por via marítima. E quem lá chega sabe que está numa espécie de paraíso.
Com efeito, a tranquilidade e a espetacular beleza das Fajãs constituem um constante apelo para viajantes e turistas. Fajãs que albergam importantes espécies de fauna e flora, e são lugares únicos e mágicos, com algumas particularidades. Por exemplo: a Fajã dos Vimes é o único local dos Açores onde se faz plantação de café; a lagoa da Caldeira de Santo Cristo é o único sítio do arquipélago onde se reproduzem amêijoas.
Ilha comprida e estreita, bastante acidentada pela imponência natural das suas encostas formadas por arribas abruptas, São Jorge é atravessada por uma cordilheira que atinge a sua maior altitude no Pico da Esperança, com 1053 metros.
A vegetação é exuberante e o cenário impressiona. De São Jorge vemos o Pico, o Faial, a Graciosa e a Terceira. Recordo que foi no contexto das suas impressões sobre o Pico com São Jorge, que o escritor Raul Brandão produziu, em 1924, a célebre frase que é hoje abundantemente citada: “Já percebi que o que as ilhas têm de mais belo e as completa é a ilha que está em frente”.
O historial jorgense é de resistência e de luta pela sobrevivência: a ilha sobreviveu à pilhagem de piratas e corsários; aos violentos tremores de terra de 1580, 1757, 1964 e 1980; às crises de alimentos e aos maus anos de colheitas; às erupções vulcânicas de 28 de abril de 1780 (Vulcão da Queimada) e de 1 de março de 1808 (Vulcão da Urzelina). A velha torre da Urzelina lá está, permanecendo incólume, símbolo derradeiro da antiga igreja que ficou completamente soterrada pela corrente de lava que desceu da montanha até ao mar.
Mais de cinco séculos depois, São Jorge continua a produzir o afamado “queijo da ilha”, comprovadamente produto de altíssima qualidade pelos prémios nacionais e internacionais recebidos. Trata-se de um queijo artesanal, fabricado com leite de vaca, inteiro e cru, coagulado por coalho animal e curado durante um mínimo de 3 meses, técnica cuja origem aponta para uma influência flamenga.
São Jorge é, ainda e sempre, a poesia das Fajãs e a beleza áspera de montanhas e falésias.

Victor Rui Dores, 2015

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